A Volta Do Futebol


Antes que os corneteiros de plantão comecem a, obviamente, cornetar, já vou explicando. Não acho que o Flamengo vai ser campeão brasileiro. Acho que o time conseguirá no máximo uma vaga na Libertadores, o que já é muito difícil. Mas com o passar do tempo, eu aprendi a aproveitar um dia após o outro, sem pensar muito no longo prazo. Então me deixem curtir o momento do meu time em paz! O Flamengo vive um momento inédito desde não sei quando pra falar a verdade. Talvez desde a época de Felipe, em 2004. Tudo bem, desde então tivemos bons momentos, como na arrancada de 2007. Mas o que aproxima o momento de Felipe com o Flamengo atual de Pet e Adriano? A resposta é a mais simples possível. O futebol. O Flamengo está jogando futebol e hoje em dia isso é muito. Quantos times no Brasil jogam com dois meias de armação e fazem gols trabalhados e típicos da época romântica do esporte bretão, com o centroavante arrematando a gol o lançamento preciso do camisa 10? NENHUM! O líder Palmeiras joga com dois volantes de ofício como armadores (Diego Souza e Cleiton Xavier). O homem de armação do São Paulo também é volante (Hernanes). São excelentes times, muito mais competitivos que o próprio Flamengo, mas me desculpem, não são times de futebol. O Flamengo, nos ultimos três jogos no Maracanã, fez nove gols. Podia ter feito quinze como fazia nos anos passados que não iam ter o mesmo valor. Estavamos acostumados com gols de rebotes, rebatidas e até gols contra (Émerson que o diga). Além disso, tinhamos um meio campo com criatividade zero, um ataque impotente e laterais que tinham que resolver tudo. Pois bem, desses nove gols que vimos no Maracanã, cinco, isso mesmo, mais da metade, saíram de passes precisos de nosso camisa 10, Petkovic, ele mesmo, que muitos e inclusive eu não queríamos de volta. O mesmo Pet ainda marcou unzinho, de falta, que valeu por outros nove. E desses mesmos nove, três foram de Adriano, um artilheiro, outra peça que a tempos não viamos vestindo o Manto Sagrado. Mas isso tudo aconteceu do nada? Evidente que não. O responsável por algo tão simples é um ser humano igualmente simples. Sem ternos de marca, sem vocabulário rebuscado e sem grosserias, Andrade, o "Tromba" fez o simples. Botou o Flamengo para jogar futebol. Até porque de jogar futebol ele entende. Não precisa de Laptop, de espião, de táticas revolucionárias. Dois zagueiros experientes, dois laterais que apóiam quando necessário, dois volantes que marcam, dois meias, sendo que um deles um autêntico camisa 10 (por mais que jogue com a 43) e dois atacantes de ofício. Mas aí, você, corneteiro, vai dizer: "Po mas com o Pet e o Adriano qualquer um faz isso". Aí que você se engana! Com os Cucas e Joeis Santanas da vida, estariamos vendo Pet improvisado como 2o atacante, senão nem relacionado, e o Maldonado como armador principal, junto a mais três volantes. Portanto, não interessa se vamos ser campeões ou se vamos entrar no G4. Estou te agradecendo, Andrade, desde já,por algo tão simples, mas que em meio a mediocridade do campeonato brasileiro parece mágica. Estou te agradecendo, Andrade, pela volta do futebol. Obrigado, "Tromba".